Kansas State University

Prédio da Kansas State University.

Universidade de Utah

Fachada do Departamento de Filosofia da Universidade de Utah.

Universidade de Pradesh Arni

Uma das fachada da Pradesh Arni University, na Índia.

University PrimeTime

Paisagem da Marist University / University PrimeTime, nos Estados Unidos.

Universidade de Oxford

Anglian College, da Universidade de Oxford.

A Secretaria de Educação de Jaguaruana e o IFCE fazem enquete no link:

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quarta-feira, 26 de junho de 2013

CARTA AOS ESTUDANTES E POPULAÇÃO

Circulam em alguns meios de comunicação de âmbito local e estadual notícias que dão conta de uma incompatibilidade entre dois grandes projetos de grande valor para o Vale do Jaguaribe. A suposta questão envolveria o início das atividades do Campus Avançado da UFC em Russas e a criação de mais um equipamento federal na cidade, o Instituto Federal de Educação - IFCE.

Ansiando esclarecer a população e os estudantes (segmento envolvido em ambos os projetos educacionais) dispomos algumas informações atestadas pela veracidade dos fatos e, como sempre, visando o entendimento de todos e a garantia das conquistas para o nosso Vale.

O blog Transver o Sentido foi o primeiro meio de comunicação criado para divulgar as movimentações pela criação do Campus Avançado da Universidade Federal do Ceará no Vale do Jaguaribe. Como se percebe nos arquivos da referida página na web, várias postagens (realizadas desde 2010), versam sobre momentos histórico dessa luta que envolveu a população jaguaribana, principalmente russana, pela criação de um equipamento de ensino superior em nossa região.

Vale ressaltar, a título de curiosidade, que Transver o Sentido foi criado no decorrer do curso de Especialização em Docência do Ensino Superior realizado na UFC em Fortaleza. 

Depois da conclusão do curso latu sensu a página continuou on line e contribuiu, como fonte de pesquisa, para conclusão do trabalho "A Expansão do Ensino Superior no Brasil". O estudo aborda, como o título sugere, a expansão das faculdades nos últimos anos e a criação do Campus da UFC na região jaguaribana. Essa monografia, inclusive, poderá se tornar a primeira publicação sobre o tema.

Pois bem, como é sabido, a luta por ensino superior em Russas é antiga (tem cerca de quatro décadas) e ganhou força com a expansão do ensino público federal e amplo da apoio da classe acadêmica e política cearense que apoio em peso a instalação do Campus da UFC em Russas.

Foi peça fundamental no processo de instalação a presença do professor doutor Lindberg Gonçalves, hoje Diretor do referido Campus, tal como a articulação da Casa dos Amigos de Russas, CARUS e o apoio de ambas as gestões da Prefeitura local (gestão atual e anterior).

No presente momento o processo de instalação do Campus está resolvendo, com amplo respaldo da população, questões sobre o terreno (conhecido como Campo Federal) onde será construído o prédio didático. 

O movimento de criação de uma unidade do IFCE em Russas nasceu, com a mesma legitimidade, da ânsia de professores e estudantes do próprio IFCE e logo ganhou apoio da população tal como do movimento de criação pelo Campus da UFC.

Posteriormente, contudo, foi criado um clima de conflito, como se a cidade não pudesse sediar duas instituições federais de ensino. No centro do debate está o Centro Vocacional Tecnológico, CVT, equipamento bem cotado pelas suas excelentes instalações (mantidas pelo poder municipal) e de seus laboratórios.

Ressalte-se que os dois equipamentos (UFC e IFCE) podem conviver plenamente no mesmo espaço físico do CVT. Inclusive como já vem ocorrendo entre as atividades do centro e da Universidade Aberta do Brasil. Essa ideia de convivência no mesmo prédio municipalizado, certamente, será a solução para que se garanta as duas unidades de ensino para a cidade.

Como se constata na comunicação entre a reitoria da UFC e IFCE com a Prefeitura municipal de Russas não existe nenhum conflito até porque isso não é do interesse de nenhuma das partes.

Conforme lê-se na página oficial:

Reitor da UFC solicita instalações do CVT de Russas


Reitor do IFCE leva ao MEC documento com concessão do CVT e doação de terreno em Russas


A título de resgate histórico recente outro movimento transcorreu entre nós também gerando confusão entre muitos estudantes, trabalhadores e até políticos da região jaguaribana. Era a promessa de um equipamento educacional federal de outro estado que visava se instalar na região jaguaribana. O movimento gerou um clima de disputa entre cidades como Morada Nova, Jaguaribara e Jaguaruana  e seu desfecho é desconhecido, mas o fato gerou estranhamento e constrangimento para muitos.

Não existe exclusão de interesses, pelo contrário, o que temos é profusão de estímulos para que nosso povo finalmente seja contemplado com um ensino superior de qualidade que estimule para a vida laboral, multiplicação e produção do conhecimento científico.

Dessa forma não se deve prestar ouvidos às atitudes que dividem e confundem sem gerar nada produtivo e pior, sem ter fundamento na realidade.

Proponho, em consonância com o clima de liberdade e pacifismo que toma várias regiões do país, uma marcha dos estudantes que se inicie em logradouro do centro de Russas ou no próprio CVT e que  termine no Campus da UFC, no campo federal, relembrando o histórico de luta e determinação que garantiu essa conquista.

O CVT conforme interesse dos gestores envolvidos e atentando ao bom funcionamento do bem público, num breve futuro, abrigará UFC e IFCE. Eles com certeza serão, tal como em Fortaleza, bons vizinhos.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

FESTIVAL DE CINEMA BRASILEIRO DO VALE DO JAGUARIBE - CINEFESTIVAL

Durante os dias 03 e 06 de julho de 2013 o Vale do Jaguaribe, Russas e Limoeiro do Norte, se tornará a capital brasileira do cinema. A realização do I FESTIVAL DE CINEMA BRASILEIRO DO VALE DO JAGUARIBE - CINEFESTIVAL reunirá os amantes do cinema no sertão cearense.

Centenas de produções cinematográficas de vários estados do país participarão da mostra oficial. O juri popular poderá participar indicando os melhores nas "Mostras Especiais" que serão o Curta Criança, Curta Universitário, Curta Fantástico, Curta Descontração e Curta Diversidade.



O idealizador do evento, cineasta Allan Deberton, já realizou vários produtos culturais a partir de sua cidade natal: musicais (West Side Story), peças teatrais (O Fantasma da Ópera), curtas metragens (Pacarrete, Doce de Coco). Esse último circulou em mais de vinte e cinco festivais por todo o mundo.

Allan, com a produção de um evento desse porte fora da capital Fortaleza, busca criar mais um espaço de reconhecimento e disseminação do bom cinema no Ceará.

O CINEFESTIVAL contará com treze premiações nas categorias: filme, diretor, roteiro, ator, atriz, montagem, som, fotografia, trilha sonora, arte, animação, documentário e curta metragem.

Os prêmios serão confeccionados na própria cidade de Russas por uma artesã local, dona Eliane Machado, que utilizará madeira e argila da região do Rio Jaguaribe.

As salas de exibição utilizadas serão a Sala Cine Jaguar em Russas (dr. Zilzo) e a Sala Francisco Lucena no Supermercado Pinheiro em Limoeiro do Norte.




O I CineFestiVal será uma excelente opção nas férias de julho.

sábado, 1 de junho de 2013

O ABC DA SECA DO POETA JAGUARIBANO

Comum em várias regiões do Brasil, o fenômeno climático das secas, tal como a neve nos pólos, as geadas nas regiões temperadas e as chuvas na região amazônica, não é algo a ser controlado, extirpado ou extinto. É algo que precisa ser entendido na sua desgraça e na sua graça. No seu movimento cíclico e periódico quase dialético em sua afirmação, negação e síntese.

Se faz necessário compreender essa realidade que nos visita a cada ano que não chove no sertão. Os governos, com destaque para o trabalho pioneiro e grandioso do DNOCS, dentre outras instituições públicas, mas, também aqueles que nela habitam teem a responsabilidade de conhecer técnicas de manejo, soluções, meios respeitosos de convivência com a terra, a água e o ar do semi-árido.

E ninguém melhor para entender a seca do que a junção do ibérico e bávaro com o aborígene da terra: o mestiço, o caboclo que já ocupa essa área pelo menos nos últimos 400 anos (que é o tempo que a miscigenação começou a reverberar pelos sertões nordestinos).

A obra o “ABC da Seca” integra e intitula a coletânia do poeta Henrique José da Silva (1913-2008). O mestiço que decidiu em meados do século XX (entre o final dos anos 1950 e década 1970) fazer um registro singular e enigmático desse fenômeno climático também singular e enigmático.

O “ABC da Seca do Poeta Jaguaribano” é o título da coletânea que reúne as obras completas do autor que foi premiado entre os melhores cordelistas cearenses com o I Prêmio Autores Cearenses Alberto Porfírio de Cordelismo concedido pelo Governo do Estado do Ceará através da sua Secretaria de Cultura.



Capa da coletânea "ABC da Seca do Poeta Jaguaribano" (Secult, 2011) e um dos últimos registros fotográficos do poeta russano Henrique José da Silva.


O “ABC da Seca” se enquadra na definição popular dos folhetos do gênero “ABC” que abordam temas a fim de exauri-los ou de trabalhar um mesmo assunto sobre vários aspectos. É uma forma  de aprofundar um conteúdo, porém, sem perder sua generalidade e alimentando a curiosidade do leitor.

Essa é uma obra que toma principalmente a atenção das pessoas que conhecem o “polígono das secas” e vivem suas belezas e agruras. A identificação com a percepção dos acontecimentos naturais, sua imprevisibilidade, a necessidade de coesão comunitária para atravessá-la, a necessidade de fé que, na ocasião, começou concorrer com as novelas televisivas e outras novidades do mundo moderno.

Seu Henrique marca o tempo, por exemplo, em que parte do lazer era se reunir para rezar, pedir por  dias melhores, e vê essa dinâmica modificada pela chegada da televisão. Também impressiona o leitor, em especial, pelos princípios que revela no decorrer de sua obra: “devemos amar a verdade.”

Em meio a umas das mais terríveis secas dos últimos 50 anos e em homenagem ao centenário desse grande homem, cristão e negro que povoou o sertão jaguaribano durante nove décadas, colocamos na web sua obra mais apreciada, mais emblemática, mais querida do povo do sertão: O ABC DO POETA JAGUARIBANO.


ABC DA SECA DO POETA

A santa musa divina
Inspirai-me em um segundo
Para escrever estes versos
Num pensamento fecundo
O ABC sobre a seca
Que traz tristeza para o mundo.

Bom tempo se acabou
Não sei quando volta mais
Trazendo medonha fome
Para a gente e animais
Entristecendo a campina
Desfolhando os matagais.

Carregando a alegria
Deixando só a tristeza
Perturbando o fazendeiro
Trazendo a fome, a pobreza
Tudo isto são castigos
Do poder da natureza.

Devemos pedir a Deus
Bom tempo, felicidade
Além da guerra, uma seca
Que não traz prosperidade
Já sei que vai sofrer muito
Quase toda a humanidade.

É rezando que o povo
À Graça de Deus apela
Mas muitas mães de famílias
Com suas filhas donzelas
Em vez de rezarem o terço
Só querem ouvir novelas.

Faz pena ver-se sofrer
Pois é grande o sofrimento
Os bichos passando fome
O pobre sem alimento
Bate a tristeza na porta
De quase todo aposento.

Grande é o poder de Deus
Pode nos favorecer
E mandar que as nuvens se abram
Para a terra umedecer
E fazer pastagem e água
Para o gado não morrer.

Houve em cinqüenta e oito
Uma seca parcial
Isto porque o governo
Para o povo foi legal
Seca que a muitos fez bem
Em vez de fazer o mal.

Inspirado, eu me acho
Para na seca falar
Assim é que dou a prova
Que gosto de improvisar
É sempre vítima de secas
As terras do Ceará.

Já que é chegado o tempo
Vamos, meus versos genuínos
Levar mensagem ao espaço
Para o povo nordestino
Dizer que a seca maltrata
Desde o grande ao pequenino.

Lembro-me que há tantos dias
Levantou um fumaceiro
Uma espécie de neblina
Que formava um nevoeiro
Era os sinais desta seca
Que chegou em fevereiro.

Muita gente perguntava
O que poderia ser
Porém, ninguém conhecia
Não podia responder
Pois os segredos de Deus
Não há quem possa saber.

Não chovendo a planta morre
Entristece o agricultor
Adoece e morre o gado
Fome é um mal matador
O fazendeiro, coitado
Sofre o maior dissabor.

Outras coisas traz a seca
Desastre, doença e peste
Dissentimento e de dor
A massa humana se veste
Principalmente, o setor
Que pertence ao meu Nordeste.

Pobre com necessidade
Falta de água e de pão
Oprimido pela fome
É triste a situação
Voltam suas esperanças
Ao Governo da Nação.

Quando chega o tempo ruim
O pobre se aperreia
Só ouve falar em fome
Me foge o sangue da veia
Que essa tal cintura fina
É cabra da cara feia.

Rezemos para que Deus
Amenize a nossa dor
Mande um inverno abundante
Paz, alegria e amor
Principalmente, ao Ceará
Que é um dos mais sofredor.

Segundo alguns prognósticos
Que o povo lê e comenta
Quem for fraco não resiste
Sendo duro, se arrebenta
Bom tempo, pouco tempo
Só depois de setenta.

Tanto o pobre como o rico
Uma seca faz sofrer
O pobre porque não tem
O rico por ver perder
Porém, devemos lutar
Ninguém deve esmorecer.

Um conselho que eu quero dar
Devemos amar a verdade
Pedimos as bençãos de Deus
Da mais alta imensidade
Pobre fazer penitência
Rico fazer caridade.

“Venha nós o vosso reino”
Assim ensina a Doutrina
“Seja feita a vossa vontade”
A Lei de Deus determina
Livrai da seca e da guerra
A nossa terra nordestina.

Xaxado, xote e baião,
Tango, valsa, marcha e choro
Cabeludo e mini-saia
Ei-iê-iê e feio namoro
A seca que veio aí
Pega tudo e mete o couro.

Zombar de mim ninguém zomba
Estou velho, mas já fui moço
A seca emagrece tudo
Só deixa o couro e o osso
Afirma o Henrique Silva
Poeta do Capim Grosso.


FIM